existe um coração na
pele;
não é a dor,
mas como a dor no
sangue ferve,
no corpo o obriga ao
labirinto,
sob a pele o cárcere
infindo
menos se a fere;
há uma víscera nos
olhos;
não é a dor,
imita a dor em seus
esforços
de não ver exceto o
profundo
nada que descortina o
mundo
até os ossos;
um osso rói o
coração;
não é a dor,
com a dor divide esse
pão,
lixo expulso da lata
e fora
do esgoto e nem mesmo
o devora
faminto cão;
existe uma pele no
sangue;
não é a dor,
desnuda a dor a todo
instante
em que recobre a
cicatriz
de haver um coração,
matriz
do frio cortante;
sexos vários pulsam,
no sexo;
não é a dor,
por certo, que os une
em perverso
idílio entre ânsia e
vazio,
máscara e signo ou,
em equívoco,
une-os por verso;
quantos haveres, e
quão ricos,
não é a dor
quem os guardará
assim vivos
do nada que aos
corpos agrega
outros corpos em
posse cega
e já perdidos.
Não é a dor
a palavra dita no
corpo
que
é a dor.
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