terça-feira, 3 de agosto de 2021

DREAM SONG - John Berryman

 

Tradução de Ismar Tirelli Neto
....................
DREAM SONG 26

As glórias do mundo me bateram,
fizeram-me ária, certa vez.
- Que então, Mr. Bones?
se tu num se incomoda.
- Henry. Henry tomou interesse pelo corpo das mulheres,
suas virilhas foram & foram palco de feitos estupendos.
Estupor. De joelhos, meu bem. Ore.

Todos as saliências & suavidades de, Deus meu,
o agachar-se & a confusão isto enxameava em Henry,
certa vez.
- Que então, Mr. Bones?
tu parece como que excitado.
Descaiu Henry, as costas no crime que origina: arte, rima

além dum sentimento do alheio, Deus meu, Deus meu,
e inveja da honra (vivente) de sua terra.
o que haveria de mais estranho?
e desgosto das gangues prosperantes & de heróis.
- Que então, Mr. Bones?
Tive uma sorte veramente fabulosa. Morri.
........................................
DREAM SONG 55

Peter não é amigável. Dá-me olhares de soslaio.
A arquitetura está longe de reconfortar.
Sinto-me inquieto.
É pena, -- a entrevista começou tão bem:
mencionei coisas vilanescas, ele mandou-as embora
e mal preparou um martini
estranhamente precisado.

Tratamos de assuntos indiferentes --
a saúde de Deus, o vago inferno do Congo,
a energia de John,
questões de antimatéria. Senti-me bem.
Mas veio uma mudança trás para frente.
Caiu um frio.
A conversa ralentou,

morreu, e ele começou com os olhares de soslaio.
'Cristo', pensei, 'e agora?' e bem teria pedido mais um
mas não ousei.
Senti que minha petição fracassava.
Está escurecendo,
um outro som se sobrepondo. Suas últimas palavras foram:
'Nós traímos a mim'.

Nenhum comentário:

Postar um comentário