quarta-feira, 25 de agosto de 2021

MÃOS DE PRATA – Inez Andrade Paes

 

vento
minhas mãos são de prata

o vento disse nada

vento
minhas mãos são de oiro

o vento disse nada

vento
minhas mãos são de água

o vento disse
lavas-me a alma manchada

vento
minhas mãos são de pedra

o vento disse nada

vento
minhas mãos são de pano

o vento disse
enxugas-me as lágrimas de areia que trago da África

vento
minhas mãos são raízes

o vento disse
penteio contigo teus longos cabelos nas noites estreladas

vento
porque minhas mão são de vidro

o vento disse
para poder espreitar por elas teu sorriso vivo

vento
sopra em minhas mãos de prata
de oiro
de pedra
e faz um caminho largo

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