quarta-feira, 19 de dezembro de 2018

DESCARTES - Eeva-Liisa Manner

Eu pensava, mas não existia.
Eu disse que animais eram máquinas.
Eu perdera tudo menos a razão.

Dê meus parabéns a todos
cujo conhecimento é secreto –
Paracelso, Swedenborg e os cavalos matemáticos de Elberfeld
que extraem a raiz e a elevam a uma potência,
calculam com seus cascos espertos, não suas cabeças –

porque o corpo tudo sabe
      mas um prego atravessa uma cabeça culta.

Diga que a filosofia é solidão e um cadáver
copulando com a razão e o bebê
é um discurso sobre o método e extensão imaginada.

Hoje
cavalos rápidos correm por uma França moribunda
e seus cascos batucam um conhecimento oculto
no osso-temporal cartesiano.
Hoje, eles e eu somos um só.

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