Há olhos que só olham o sonho; e, quando
o sonho se dissipa, ficam cegos.
Há pontes por onde não se passa, no inverno,
embora ninguém as guarde: pontes
sem arcos, abstractas como um arco-íris
e frias como a chuva da madrugada.
Um campo de erva que amadurece;
o feitiço fútil dos faróis quando a manhã
limpa as últimas névoas;
um bater de pálpebras como asas:
imagens que lembro
e me restituem os olhos
com que avisto a entrada da cidade.
Nenhum comentário:
Postar um comentário