Saio do teu amor.
Quantos reveses
No desterro terei!
Quantos ressábios!
Bendito esse passado
de dez meses
Em que vivi cantando
nos teus lábios...
Bendito esse passado
que não vive.
Da terra ao céu
jamais hei de esquecê-lo;
Noites nunca hei de
ter como já tive,
Na escuridão polar do
teu cabelo.
Tenho pena de ti que
estás solteira.
E quanto outra vez
voltar a lua nova,
Hás de chorar debaixo
da mangueira,
Que a primavera
quando vem renova...
Quando for o céu
pálido manto,
Por noites aromais de
lua cheia,
Na mesma terra que me
enxuga o pranto
Procurarás meu rastro
sobre a areia...
Saio do teu regaço
embalsamado,
Lacrimoso do mel do
teu sorriso,
Como quem sai da
noite do pecado,
Como Adão do Paraíso.
Na alma do triste
viajor peregrino
Tua alma ficará de
tenda em tenda
Como o rosto do
pálido Rabino
No linho sacrossanto
da legenda.
Tardes de luto
aquelas que passarem.
Depois das tardes
frescas que tivemos,
Quando os rudes
barqueiros modularem
Canções alegres
mergulhando os remos.
Quando a colheita
começar das rosas,
Roxo o veludo
aparecer das uvas,
Quando cair das
nuvens invernosas
O neblineiro das
primeiras chuvas,
Evocarás o tempo que
não vive,
O tempo que jamais
hei de esquecê-lo
Todas as noites
calmas que já tive
Na escuridão polar do
teu cabelo.
Quando eu voltar para
estancar as mágoas
Antes que cesse o
peso das fadigas,
Correi jangadas que
boiais nas águas,
Cantai, marujos,
quero ouvir cantigas...
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