quarta-feira, 2 de setembro de 2020

PARA O RETRATO DE MAMÃE - Lea Goldberg

 

Tradução de Nancy Rozenchan
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Tua foto é tão tranquila. Estás diferente:
um pouco orgulhosa e perplexa por seres minha mãe.
Acompanhas com uma lágrima e com um sorriso indulgente
e jamais perguntas: “Quem?”.

Não te surpreendias nem te zangavas quando eu
chegava a ti diariamente e dizia: “Dá!”
Trouxeste-me tudo com tuas próprias mãos
só porque eu sou eu.

E mais do que eu, tu hoje me lembras
da mágoa de minha infância;
tua alma já então tinha decifrado:
quando vier a ti a filha crescida,
trará a angústia da tristeza que amadureceu.

Sim. Virei oprimida e não perguntarei por ti.
Não chorarei em teu colo, não sussurrarei “Mamãe.”
Saberás
Este que me abandonou, foi-me mais caro que tu
e não me perguntarás “Quem?”

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