sábado, 26 de setembro de 2020

PALAVRA-MÁGICA – Demétrios Galvão

 

quando os pés adoecem
e esquecem os caminhos
o corpo precisa inventar voos.

os peixes nadam na profundidade da costela direita
na obscuridade do entre-ossos
migrando para o aconchego do litoral carnudo.

(a língua quando bem plantada
atinge veios profundos
manancial voluptuoso de fabulações)

busco então, a sobrenatural beleza:
as ancas africanas, a envergadura monárquica,
a anatomia incendiária.

me visto de asas e de lâmpadas e vou ao teu encontro
com uma palavra mágica adornando os olhos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário