sábado, 19 de setembro de 2020

ROTINA – Daniela Galdino

 

Não preciso de alguém que a mim defina.
Definho...
Mergulho na grande cesta de lixo
Misturada às flores machucadas

Mas eu driblo o destino irreciclável.
Permaneço onde não se supõe.

Escapo da morte cosendo melodias singulares.
Reinvento a poética na travessia das manhãs.

Madrugo vagareza comendo as folhas do tempo.
O estopim do verde basta às minhas necessidades.

Devoro com vigor o produto da minha fertilidade.
Eu também sou o meu principal nutriente.

Em prolongados silêncios refloresto-me.
Em desmedidos gestos refloresço-me.

Espalho aromas e rompo o casulo:
em minha casa todos os dias eu viro borboleta.

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