quarta-feira, 3 de março de 2021

DESESPERANÇA – Valdomiro Silveira

 

Quando passaste, pela estrada em fora,
Pendestes das ramagens, cintilavam
As alegrias róridas da aurora,
Nos angelins, que os ventos agitavam.

Pelo cairel da mata, que se enflora,
Os passarinhos lépidos gorjeavam,
Acompanhando a oscilação sonora
Dos angelins, que os ventos agitavam.

Quando te foste embora, a orquestra alada
Também se foi... — poetas que voaram,
A cantar, a revoar, pela esplanada:

No céu as nuvens da saudade erraram;
E gemiam, tristonho, junto à estrada,
Os angelins, que os ventos desfolharam.

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