quarta-feira, 17 de março de 2021

SORTILÉGIO – João Menéres de Castro Campos

Esse braço!
Esse braço que me acena
dum longe que não alcanço
vai virando com o vento,
sonolento
em seu balanço.

Vêm estrelas pingando
no seu aceno distante:
um mar de estrelas arfando
e todas por mim chamando

na noite inútil que trago
a derreter o sonho
que ainda afago.

Mas tudo me prende aqui
nestes castelos vazios,
nestas arcadas tombando,
nestas praias desoladas:

os apitos dos navios,
os silêncios e os bafios
das vidas inacabadas...

Tudo me prende e requer...
E ir, agora, para quê?
Esse braço está para Lá...
De Lá para Cá não se vê...

Nenhum comentário:

Postar um comentário