"meu destino é miúdo,
é um caquinho de vidro na poeira"
(Adélia Prado)
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O que sou não me pertence por inteiro
são notas que sobem pelas paredes, apenas
sopro tocado na palheta, a boquilha molhada
grossa saliva inundando a noite.
O que sou inteiro não me pertence:
brilho de vidros, cristais derramados
no asfalto, sob a luz do néon publicitário.
É a presença clara de quem teme os fatos
encarados de imediato e, ao chofre do estalo,
refere ver-se, de soslaio, em espelho embolorado.
O que sou: fonemas abertos, concertos barrocos,
sem nenhuma tempestade aclarada
Sou o que teme o escuro - temor de fato.
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