Lembra-te, quando ao
sol, timidamente,
a aurora abrir seu
encantado paço;
e quando, sob um véu de
prata algente
cismando, a noite
devanear no espaço.
Quando o gozo agitar
teu seio de mulher,
quando os sonhos da
tarde a sombra te trouxer,
escutarás, além, na
mata umbrosa,
a voz misteriosa:
Lembra-te!
Lembra-te, quando fomos
condenados
à magoa eterna da
separação,
e a dor, o exílio, os
anos fatigados,
me houverem corroído o
coração;
pensa no extremo adeus,
nesta triste existência!
Para quem ama, o tempo
é nada, e é nada a ausência.
Meu pobre coração, até
morrer,
sempre te há de dizer:
Lembra-te!
Lembra-te ainda quando
paz sem termo
ele, extinto, gozar na
terra fria;
e quando, em meu
sepulcro, a flor do ermo
Desabrochar suavemente
um dia!
Não mais tu me hás de
ver; mas, onde quer que vás,
junto de ti minha alma
- irmã fiel - terás!
E, alta noite, hás de
ouvir a voz desconhecida,
murmurando sentida:
Lembra-te!
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