terça-feira, 6 de maio de 2014

Lisboa - Tomas Tranströmer

No bairro de Alfama
os elétricos amarelos
cantavam nas calçadas
íngremes.
Havia lá duas cadeias.
Uma era para ladrões.
Acenavam através das grades.
Gritavam que lhes tirasse
o retrato.

"Mas aqui", disse o condutor
e riu à socapa como
se cortado ao meio,
"aqui estão políticos".
Vi a fachada, a fachada,
a fachada e lá no cimo
um homem à janela,
tinha uns óculos e olhava
para o mar.

Roupa branca no azul.
Os muros quentes.
As moscas liam cartas
microscópicas.
Seis anos mais tarde perguntei
a uma senhora
de Lisboa:
"será verdade ou só um sonho meu"?

Nenhum comentário:

Postar um comentário