segunda-feira, 5 de maio de 2014

O torso arcaico de Apolo - Rainer Maria Rilke



Não conhecemos sua cabeça inaudita
Onde as pupilas amadureciam.
Mas Seu torso brilha ainda como um candelabro
No qual o seu olhar, sobre si mesmo voltado
Detém-se e brilha.
Do contrário não poderia
Seu mamilo cegar-te e nem à leve curva
Dos rins poderia chegar um sorriso
Até aquele centro, donde o sexo pendia.
De outro modo erguer-se-ia esta pedra breve e mutilada
Sob a queda translúcida dos ombros.
E não tremeria assim, como pele selvagem.
E nem explodiria para além de todas as fronteiras
Tal como uma estrela.
Pois nela não há lugar
Que não te mire: precisas mudar de vida.

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