quinta-feira, 8 de maio de 2014

Sanatório - Ascânio Lopes

Logo, quando os corredores ficarem vazios,
e todo o Sanatório adormecer,
a febre dos tísicos entrará no meu quarto
trazida de manso pela mão da noite.
Então minha testa começará a arder,
todo meu corpo magro sofrerá.
E eu rolarei ansiado no leito
com o peito opresso e de garganta seca.
Lá fora haverá um vento mau
e as árvores sacudidas darão medo.
Ah! os meus olhos brilharão, procurando
a Morte que quer entrar no meu quarto.
Os meus olhos brilharão como os da fera
que defende a entrada de seu bojo.

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