Nesta manhã, inesperadamente,
A tristeza ofereceu-me uma pausa
E determinou-me a feitura de um verso.
Silencia a angústia e a dor,
Mas não se expressa a alegria.
Vivo da presença, ou ausência,
Daquilo que, inominado, me faz sofrer.
Anseio pela eternidade do que se foi
E padeço o sofrimento do impossível.
Busco o reflexo do sentimento
Que, de dentro de mim, se projeta.
Percebo o esbarrar naquilo que é só canto.
A negativa da palavra que se esboça
E conduz-me a um silêncio de explosiva solidão.
Falsa pausa de uma tristeza contida
Na construção de ilusório sentimento.
Não me permite um contento.
Não me afaga, com alegria, a vida.
Eis, da obediência, o fruto feito,
Que a nenhuma alma, a nenhum peito,
A infinda fome sacia. Eis o verso que rejeito.
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