Eu sou
A noite sem a madrugada.
Sou uma estrela
Em busca de uma constelação.
Sou uma folha solta no vento.
Sou o vento sem direção.
Eu sou a sombra de uma voz
Que canta para os esquecidos.
Sou o verso preso nas flores
Que o beija-flor libertou.
Eu sou o canto da ave aflita
Em busca do ninho roubado.
Eu sou a nota de um acorde
Esquecido na partitura.
Sou o resumo de um livro sem memória.
Sou o marinheiro que anseia morrer no mar.
Sou o lamento de antigas crenças
Cujos deuses foram esquecidos.
Sou tudo
E sou nada.
Caminho por uma estrada
Iluminada por vaga-lumes embriagados
Onde os homens ergueram cruzes nas margens
Para guiar os seus deuses.
Sou o silêncio que grita nas matas.
Sou o sussurro da noite clamando pelas
estrelas.
Sou o último grito de um condenado.
O
aborto de um sonho nunca sonhado.
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