Do livro “Meio a
Meio” (1979)
Que país é esse?
Que terra é essa?
Que planeta esse
controlando-me
reservando-me
uma pequena
réstia
de sua
intimidade?
O medo anda e
para:
As mãos dadas com
a fome, sua irmã
resumida em tão
pequeno espaço.
Mas é tão grande!
Até mata!
O sorriso já é
aceitação hipócrita
e adulação
faminta
e no local onde
existem as mãos
tudo está de
completo sem espaços
de pouco conteúdo
no enfrentamento
da luta
quando não
avisada.
Eis que os Josés
se protegem.
Eis que eles se
assustam.
E certamente eu
mesmo
faço uma comédia
cheia de
obediência crônica
(mal de velhos
tempos).
Esse temor veio
do útero
e anda consigo
muito aceito
integrando-se na
vida
desde o formato
fetal.
José se protege
como o avestruz
cabeça enfiada no
chão de areia
e torna-se
pequeno
(podia-se grande)
com os olhos
famintos.
Famintos não só
de comida
mas da absoluta
gaiola aberta.
Sai andando,
homem!
Ponha as
bandeiras nas ruas!
Talvez em você um
jeito heroico tenha gênese
e que do pão e da
poesia que te oferto
abra-se uma
janela,
depois uma porta,
e você possa sair
às ruas
e exclamar:
- Mas quanta luz
e eu aqui na escuridão!
(Se ao menos você tivesse a coragem, José!)
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