quinta-feira, 13 de maio de 2021

MORMAÇO – Guilherme de Almeida

 

Calor. E as ventarolas das palmeiras
e os leques das bananeiras
abanam devagar
inutilmente na luz perpendicular.
Todas as coisas são mais reais, são mais humanas:
não há borboletas azuis nem rolas líricas.

Apenas as taturanas
escorrem quase líquidas
na relva que estala como um esmalte.
E longe uma última romântica
- uma araponga metálica - bate
o bico de bronze na atmosfera timpânica.

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