sábado, 29 de maio de 2021

SONETO QUE NÃO QUERIA EXISTIR - Nívia Maria Vasconcellos

 

Toque, Amor, tua boca na minha pele
que não sou apenas o que verseja,
mas também aquele que deseja
tua presença nua a qual meu corpo adere.

Seremos um, ante espelhos invejosos
(vulva, seios, carne, gozo contorcidos;
nossos corpos, voluptuosos, confundidos)
a contemplar nossos mistérios gozosos.

Se amanhã não me quiseres, me esqueças!
mas, hoje, que possuas o corpo meu,
sejas minha, serei teu. Sem desavenças,

que minha vontade não fique neste versejo,
pois minha boca persegue teu beijo. Nu,
apresento-me aqui: escravo do meu desejo.

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