A
flor
glacial
derrete
sobre o país
o percussor sombrio
são as sete
pragas do Egito
os sete pecados capitais
a voz do infinito
sagaz,
os
prados de concreto, a paz,
o olho secreto de Hórus,
– a flor fervilha
pelos poros
e a multidão brilha
como o outono deita a névoa
sob suas folhas
e a primavera
rompe
os
botões no espaço
da garganta dos jovens o sopro
corre nos pulmões
embaralha
cadeias
e destrói
em chamas os corações
de palha
na mesa, jogamos cartas e poemas
elevando os grãos e os galhos
às veredas das cinzas
e da ressurreição
urram, tentam impedir,
dão pimenta para Adão –
dão
vinagre para Cristo
crucificam,
bebem, riem nas estripulias,
e o raio cai dos céus
e o nosso
reino
se eleva à Deus
na variedade do milagre, saímos da hipótese
ninguém vê senão grito
“o parâmetro do desamparo
é o agito”
ninguém vê senão atrito
estamos aqui, amigo,
segue
o
rito.
Foucault finge
libelos
no gabinete
infinito
da
sua escrita
e o
esquete
de Maiakóvski
agita
o burguês
na rua
o povo mira os olhos contra o sol
e nos esquecemos de abandonar o corpo
para, no dia
através da noite
surgirmos, anônimos,
como
a brisa de outubro
e atingir
o tamanho
dos demônios da desolação.
Os tempos são frios
e as horas
obtusas
como o templo do sol
é por isso que cada um se levanta do poente
e borra as paredes, os prédios,
os trens,
os ônibus, as luas,
ninguém aqui está contente –
as formigas
se aglomeram nas curvas, mirmidões,
não são peixes,
insetos,
bichos –
(o homem só descansa quando vive
ou após)
são homens que se empilham na cidade
um a um
somos
nós
a perna que se estica no universo
do panteão das estrelas,
para abrir-se
junto
ao líquido cálido
destes tempos,
desta fúria,
dessa flor que se desfaz no ócio das esferas
e gira sobre as sequelas,
doce dínamo dessa candura!
flor
glacial
derrete
sobre o país
o percussor sombrio
são as sete
pragas do Egito
os sete pecados capitais
a voz do infinito
sagaz,
os
prados de concreto, a paz,
o olho secreto de Hórus,
– a flor fervilha
pelos poros
e a multidão brilha
como o outono deita a névoa
sob suas folhas
e a primavera
rompe
os
botões no espaço
da garganta dos jovens o sopro
corre nos pulmões
embaralha
cadeias
e destrói
em chamas os corações
de palha
na mesa, jogamos cartas e poemas
elevando os grãos e os galhos
às veredas das cinzas
e da ressurreição
urram, tentam impedir,
dão pimenta para Adão –
dão
vinagre para Cristo
crucificam,
bebem, riem nas estripulias,
e o raio cai dos céus
e o nosso
reino
se eleva à Deus
na variedade do milagre, saímos da hipótese
ninguém vê senão grito
“o parâmetro do desamparo
é o agito”
ninguém vê senão atrito
estamos aqui, amigo,
segue
o
rito.
Foucault finge
libelos
no gabinete
infinito
da
sua escrita
e o
esquete
de Maiakóvski
agita
o burguês
na rua
o povo mira os olhos contra o sol
e nos esquecemos de abandonar o corpo
para, no dia
através da noite
surgirmos, anônimos,
como
a brisa de outubro
e atingir
o tamanho
dos demônios da desolação.
Os tempos são frios
e as horas
obtusas
como o templo do sol
é por isso que cada um se levanta do poente
e borra as paredes, os prédios,
os trens,
os ônibus, as luas,
ninguém aqui está contente –
as formigas
se aglomeram nas curvas, mirmidões,
não são peixes,
insetos,
bichos –
(o homem só descansa quando vive
ou após)
são homens que se empilham na cidade
um a um
somos
nós
a perna que se estica no universo
do panteão das estrelas,
para abrir-se
junto
ao líquido cálido
destes tempos,
desta fúria,
dessa flor que se desfaz no ócio das esferas
e gira sobre as sequelas,
doce dínamo dessa candura!
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