segunda-feira, 26 de julho de 2021

LAMAS GERAIS NO BRUMADO – Adriana Silva Santiago

 

Nefasta
Nefasta lama
Tudo cobre, tudo arrasta,
Nada sobra, tudo mata.

Nefasta lama
Rios sufoca
Empesteia as águas
Asfixia os peixes
Enriquece os grandes.

Nefasta lama
Destrói, exclui do mapa
Memórias inteiras
Vidas (antes) intactas.

Nefasta lama
Entristece as gentes
Empobrece o mundo
Enluta milhares
Arrasta tormentos.

Das mulheres, viúvas que ficam
A dor escarnece, os filhos nos braços
Amores mortos, o peito rasgado.
Enterra vivos, os sobreviventes.

Sujeira nos muros
As casas gritam
Os homens morrem
Berro de sangue.

Estancam-se os gritos
Com panos cor-de-rosa
A rosa não tem culpa,
Assiste
Do ouro que cega.

Lamas Gerais.
Lágrimas ácidas.

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