quinta-feira, 15 de julho de 2021

LIDE COTIDIANA – Edival Lourenço

Eis que campeio palavras
Entre grotas, outeiros, matagais
Na vastidão do cerrado léxico
Apascento-as horas a fio
Para depois tangê-las
Ao estábulo do verso.

Na lide cotidiana
Domo xucras palavras
Ensino-lhes a marcha
De novas métricas
Laço sentidos ariscos
Tosquio rimas enlanadas
Cavalgo metáforas rebeldes
Ordenho significados
Para finalmente
Sobre o olor e a maciez do feno
Deleitar-me com as carnes
Do poema.

Mas, um detalhe me decepciona.
Um ínfimo detalhe.
Pois vejo que o til inútil
De sutil cobertura nasal
Não protege da chuva
A palavra pão
Cujo sentido se esboroa
Antes mesmo da deglutição.

Nenhum comentário:

Postar um comentário