quarta-feira, 23 de junho de 2021

MATE, DEUS DA LIBERDADE – Marcelo Moreyra

 

Tradução de Salomão Souza
...................
A morte mordisca a seiva
desde que se conhece o trabalho,
escurecendo os riachos
e os desígnios ancestrais
onde os deuses da selva
foram se transformando em mate.

Quando o lenhador não regressa
de suas comarcas vegetais
a bruma se envolve numa prece
fundindo-se nas solidões,
cevado rito de espera
a chorar em azuis enxames.

Erva de luz e sonhos brancos
das eternas liberdades,
barris de mel e açúcar
louco tempo de transumantes,
sabor que borra as distâncias
com aromas de antigas tardes,
forno de barro, longas chuvas
dança de mãos e de pães.

Nas prisões esquecidas
e o exílio de Pátria e sangue,
em paragens de pedra e vento
e nas tempestades marinhas,
o mate é o fogo da casa,
carícia ensolarada de mãe,
calado signo nas partidas
é o voo inevitável.

Nenhum comentário:

Postar um comentário