sexta-feira, 4 de junho de 2021

O SILÊNCIO DESPIDO – Graça Magalhães

Naquele tempo
os dias não eram meus
era inteira em pés de violeta
desfolhando risos ao sul dos pássaros.

corriam asteroides amarelos
sóis a enfeitar o peito
cosendo vértices de areia
planeando o vento nas dunas
os campos floridos e silvestres
era um tempo de espanta espíritos
e aspirinas doces de dormir
pequenas praias se abriam
pequenos moinhos a florescer o vento.

Não escravizei o infinito das galáxias
os suspiros roxos da luz
a colher os negros anéis de Saturno.

Hoje trago o silêncio despido
um acordeão atropelado
a febre tifoide dos malfeitores da alma.

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