quarta-feira, 5 de junho de 2019

ACÁCIAS - Daniel Arelli

Numa viagem de ônibus
longuíssima
através do dia
e da noite
li pela primeira vez o poema de Parra
sobre as acácias.

Deve ter sido aí que me dei conta
de que sempre projetamos
o que se passa dentro
sobre o que está fora
incuravelmente
como uma espécie de alergia crônica
os erros da geração passada
um mito.

Desde então
sempre que viajo de ônibus
me lembro de Parra
e de seu poema
apoio o rosto no vidro da janela
e tento acompanhar
a paisagem
nua.

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