segunda-feira, 3 de junho de 2019

ANÁTEMA - Antonio Francisco da Costa e Silva

Persigam-te as prisões fortes do meu ciúme
- Invisíveis grilhões de desejo e de zelo:
Prendam-te as mãos, os pés, as ondas do cabelo,
O olhar, o hálito, a voz e o que em ti se resume.

Vibre o som desse andar, vague o doce perfume
Dessa carne pagã, causa do meu desvelo,
Mando que te acompanhe o eterno pesadelo
Deste amor que ainda mais temo em dor se avolume.

Ronda-te o meu olhar, como o olhar de um morcego
Varando o brumo véo de uma noite de crime,
Prescrutando, a seguir-te - onde chegas eu chego.

Foges? Em vão fugir - o ciúme priva a fuga...
E esse amor que te busca e te cerca e te oprime,
É o mesmo que me aflige, acovarda e subjuga.

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