segunda-feira, 17 de junho de 2019

FINGIMENTO – Francisco Carvalho

Não adianta fingir
que o tempo não passou
com os seus pendões vacilantes
de cortejo fúnebre.

Fingir que o rosto não foge
ao sarcasmo dos espelhos.
Que os deuses não zombam
do sorriso trincado dos velhos.

Fingir que ainda restam
vestígios da antiga chama.
- Sob o desenho das rugas
só o silêncio nos ama.

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