sábado, 22 de junho de 2019

EVEREST - Florisvaldo Mattos

A mulher de gelo suspeita
Que sou um dragão na noite,
Aquele que na caverna
Desconhece o ferro e o bronze.

A mulher de gelo desfaz
A cabeleira solar.
Voltada para a janela,
Ao vidro faz confidências.

A mulher de gelo passeia
O delgado corpo de ausência,
Não sabe que a branca nuca
Mira um revólver de sonhos.

A mulher de gelo confia
Em coisas que sejam mudas.
Mas, sendo mulher, não pode
Morrer à míngua de excesso.

Nenhum comentário:

Postar um comentário