VERSOS A MIM MESMO
Anda! Segue a
cantar!... Fala aos outros da Vida
livre, e pura, e
feliz, e esplêndida, e radiosa!
Luta por teu amor! E
a alma em ânsia possuída
segundo por segundo
os teus segundos goza!
Que a vida é pura e é
boa, e chega a ser formosa
quando pode afinal
ser amada e vivida,
- se o dinheiro é a moral,
e a força é a lei honrosa,
vive livre e sem leis
que a Terra está perdida!
Se falarem de
templos, - olha o céu!... se basta!
Se falarem de fé, -
adora a terra!... é tua!
E que no teu viver
errante e iconoclasta
ergas sempre o teu
verbo olímpico e pagão
diante da multidão
que vacila e recua
arrastando à hecatombe
a civilização!
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À ESPERA
Ela tarda... E e me
sinto inquieto, quando
julgo vê-la surgir,
num vulto, adiante,
- os lábios frios,
trêmula, ofegante,
os seus olhos nos
meus, linda, fitando...
O céu desfaz-se em
luar... Um vento brando
nas folhagens cicia,
acariciante,
enquanto com o olhar
terno de amante
fico à sombra da
noite perscrutando...
E ela não vem...
Aumenta-me a ansiedade...
O segundo que passa e
me tortura,
é o segundo sem fim
da eternidade...
Mais, eis que ela
aparece de repente!...
- E eu feliz, chego a
crer que igual ventura
bem valia esperar-se
eternamente!...
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