Caminha errante o
velho rei da terra,
sangrando a cada passo o seu desterro.
Pesa-lhe luz demais, ausência de erro
e de noite - montanha que o soterra.
Cego de sua verdade, desenterra
do peito transfixado não o ferro
que o punge por inteiro, nem o berro
que lhe sobe das entranhas, enquanto erra.
Com sua garra terrosa de mendigo,
busca arrancar da carne não a morte
que o rodeia na treva, vinho forte
desde sempre provado. O desabrigo
que o atormenta é outro: sol candente
que vara a sua cegueira - e o faz vidente.
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