sexta-feira, 28 de agosto de 2020

OS PEIXES DO MEU RIO - Darcy França Denófrio

 

No reverso, a história de meus versos.
No avesso, a pura canção de gesso,
que se sustenta no azul da lenda,
no equilíbrio do fio que (entre)teço.

Na superfície, a frauta noturna
de sustenidos ais e bemóis.
Na superfície, a fraude fria
e a neblina sobre mil lençóis.

É no fundo d’água, nos peraus,
que moram os peixes de meu rio.
É no remanso que alguma iara
sempre se esquiva solitária.

De repente, o susto da cilada,
um anzol recurvo - aço e isca -
mas os meus peixes não se entregam,
apenas provam de leve, triscam.

Nenhum comentário:

Postar um comentário