sábado, 29 de agosto de 2020

A DESEJADA – Rubens Jardim

 


Onde está a desejada da minha alma,
a mulher que criou janelas, portas e abismos
e se escondeu de todos os meus caminhos?
Antes que o tempo destrua minha calma

Eu quero me debruçar sobre sua presença.
Ou sobre sua lembrança. Preciso de um prisma
Para celebrar as suas cóleras, as suas cismas.
A desejada da minha alma é uma sentença

Que ficou no avesso controverso do fichário,
é o verso rabiscado em um momento raro,
é a urgência escrita desta brasa imaginária.

Sou o construtor desta mulher lendária
que me habita como botequim ignaro
e me faz louvar até as mágoas mais ordinárias.

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