segunda-feira, 3 de agosto de 2020

RIMAS POBRES - Ebrahim Ramadan

Faz muito tempo que não escrevo nada,
A minha lira usada, enferrujada,
Abandonada ao tempo e desprezada,
Chora de dor, cansada, desgraçada.

Foi numa noite, assim, de madrugada
Ela não quis falar. Ficou calada.
E embrutecida minha mão gelada
Arremessou-a em meio a caminhada.

Mas hoje minha mão já calejada
Corre estendida pela mesma estrada
Em busca de uma estrofe apedrejada.

De um verso sobre minha vida errada.
E a lira pelo tempo estraçalhada 
Não tem nas cordas senão rima em ada.

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