terça-feira, 4 de agosto de 2020

MISCIGENAÇÃO – Domício Proença Filho

Inexorável
a libido incendiada
escreve a letra
isenta:
inunda
chão de senzala
e lençóis de casa grande
e pátria regada a sangue
de cores variegadas
democratiza o percurso
e emerge um povo macamba
pesar de todas as penas
negras, cafuzas, índias e mulatas
Eros moreniza
a terra inaugurada
e a carne apaga o verbo
de cronistas assustados
as penas tremem
excitadas
véspera do novo
esterco
de canteiros falsos.

A vida nega o discurso
dos sacerdotes de Cronos.

Eros, um sorriso
enigmático.

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