sábado, 18 de julho de 2020

CANÇÃO DE SETEMBRO – Seamus Heaney

Tradução de Floriano Martins
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No meio do caminho
sob a umidade do tardio setembro
as correias de árvores cinzas,
nosso cão está rasgando a terra perto de casa.

Em valas crescentes descem as samambaias.
Bagas e pedras de água torada
          caíram sobre, brilhos
de frutinhas do capinzal bordam cada manhã.

E isto se passa durante
          nossos quatro anos no internato.
Se ninguém se encaminha à resina, um arco
          e teste, o registro de angústia, pois alegria

bem podemos colocar em nosso velho disco
          dos Noturnos de John Field -
          seu talento, perda, solidão, respeito, riso,
          todo “Morte em Moscou”,

todas aquelas medidas de limpeza pela gota genuína,
          não “como gotas de chuva, pérolas no veludo”.
          Lembra-se de nossa vigília americana?
Quando encontramos a liberdade pela primeira vez

eles ergueram o telhado para nós em Belfast,
          Hammond, Gunn e McAloon
          em brados plenos até o coro da madrugada,
          despreocupado e intencional.

Ventanias, descascando, fios de energia sacodem
          e as músicas flutuando. Dentro e fora,
          época de filhotes na floresta. Nos conformamos
          entre a árvores folheada e a árvore nua.

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