sexta-feira, 31 de julho de 2020

ELA – Pinheiro Viegas

Entra. Despe-se. E, nua, a rir, sem cerimônia,
(Ela é a visão celeste e a fêmina terrena!)
Negros olhos de ônix, solta a bruna melena.
Anda, à noite, em meu quarto, ao léu da minha insônia.

Cismo: é tzigana, a musa, a madona, a demônia.
A mandrágora, a eufórbia, a reflésia, a açucena.
Grande, soberba, irreal, pulcra, nívea, serena.
Frio alabastro nu de vedra estátua jônia.

Alva, argêntea, lunar, dúbia ao sonho, imprecisa
(Para a sua psique só mesmo a sua plástica!)
Ela faz-me lembrar Da Vinci, a Mona Lisa.

Cai-lhe sobre a nudez o amplo péplo vermelho.
Depois, nada. Ilusão! E eu só vejo, fantástica,
A máscara da lua, a rir, no seu espelho.

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