quarta-feira, 29 de julho de 2020

DOIS POEMAS DE FÉLIX DE ATHAYDE

Capibaribe e o Mar
(poema de Félix de Athayde musicado por Jairo Simões)

Das margens do Capibaribe
eu vejo o rio passar
são águas do alto sertão
são mágoas que vão para o mar

Capibaribe - carinho
na pele da terra a correr
ó rio de águas escuras
como um tacho na fervura
de mel de engenho bangüê

mas que no fundo são doces
e verdes como se fossem
caldo-de-cana à correr

Rio, ó rio-facão
cortando o meu sertão
corrimão para gente que desce ao litoral

Rio, ó rio caçoá
traz bagaço de cana
traz o sumo do verde do canavial para o mar:

é por isso que o mar é verde
é por isso que é verde o mar
é por isso que o mar, o mar, o mar
parece um canavial

Capibaribe um capricho
faz sempre prevalecer

Trazer o verde pra o verde
e no verde também morrer
trazer o verde pra o verde
e no verde também morrer
............................
ARENGA

félix fúria foice e martelo
cidadão como um cão
danado da vida
porque a vida
está custando
os olhos da cara
porque a vida está cara
como uma joia
porque a vida está
pela hora da morte
repito (eu: vocês)
félix fúria foice e martelo
farto até os bagos
de barriga vazia
promessa não enche barriga
félix feixe de vida
farto da fúria do lucro
feito foice
martela
teu ouvido
chegou a hora
chegou a hora
agora

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