quinta-feira, 9 de julho de 2020

CORPO – Joana Alencastro

Veículo estranho
esse que pilotamos.
Adequado ou inútil
para nossos propósitos,
o invólucro nos define
mais do que precisamos.

Nosso rastro no mundo
vai deixando poesia
concreta.

Nossa materialidade
converte intenções diáfanas
em pedra.

A lâmpada contém o gênio
que nunca realizou desejos.
Os frascos ocultam fragrâncias
que prefeririam evaporar.

Todo o mundo é um cárcere
desprovido de grades
ou de fugas possíveis
para algum outro lugar.

Veículo bravo
que conduz pelo mundo
nosso ancestral peso.

Felicidade
é estar bem instalado
dentro de si mesmo.

3 comentários:

  1. Olá! É uma honra encontrar meu poema aqui. No entanto, receio que a foto não seja minha. Abraços!

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  2. Minhas mais sinceras desculpas. Foi um erro grave de minha parte. Já coloquei a foto correta.

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