Ao olhar, a inquirir, nada no espaço avulta.
Ao ouvido, a escutar, nada chega ou responde.
Como que em frente a mim tudo o que há se sepulta
Como que aos olhos meus tudo foge e se esconde.
Na treva e na mudez vida inteira se oculta.
Não perpassa um clarão, não balouça uma fronde.
No entretanto, em meu ser, meu espírito exulta,
Sem que indague a mudez e sem que a treva sonde.
Cerca-me a solidão. Mas se a pensar me ponho,
N'alma escuto um rumor que não é de tormento,
Que não vem do prazer, nem são ecos de sonho.
É que nunca está só nem jamais vive a esmo,
Quem se deixa levar, na aza do pensamento,
E se olha a si próprio e se escuta a si mesmo.
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