Ao poeta José
Inácio Vieira de Melo
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Eu sou um velho
ator sem palco e sem plateia
Que traz no cais
do peito antigas ilusões
E do pouco que
sabe interpreta lições
De palhaço que
alegra os meninos da aldeia
Basta o dia raiar
pelas bandas da aurora
– Levanta – bate a
porta – e vai ganhar a rua
Tropeça no
silêncio em que flutua a lua
Restos de solidão
caminhando lá fora
Esqueço a dor – o
espelho – as marcas do meu rosto
– Produtos do
salário em que se paga imposto
Cobrado pelo tempo
e pelas fantasias
Andarilho do vento
atravessando o acaso
Deixo a tarde no
céu – o meu relógio atraso
E assim faço de
mim a profissão dos dias
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