quinta-feira, 30 de julho de 2020

DEVER DE CASA – Adelmo Oliveira

Ao poeta José Inácio Vieira de Melo
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Eu sou um velho ator sem palco e sem plateia
Que traz no cais do peito antigas ilusões
E do pouco que sabe interpreta lições
De palhaço que alegra os meninos da aldeia

Basta o dia raiar pelas bandas da aurora
– Levanta – bate a porta – e vai ganhar a rua
Tropeça no silêncio em que flutua a lua
Restos de solidão caminhando lá fora

Esqueço a dor – o espelho – as marcas do meu rosto
– Produtos do salário em que se paga imposto
Cobrado pelo tempo e pelas fantasias

Andarilho do vento atravessando o acaso
Deixo a tarde no céu – o meu relógio atraso
E assim faço de mim a profissão dos dias

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