sábado, 9 de outubro de 2021

DOIS POEMAS – Olga Bueno

 

ESPELHO

Ainda que eu não queira
Te encontro na madrugada
Silêncio... solidão
Esmurrando minha porta
Sem pedir licença
Invade o meu
Coração
Te vejo nas palavras
Nos beijos molhados
No olhar
Que cala qualquer resposta
Arrepios... sensações
Levam-me além da realidade
Corpos nus se entrelaçam em meio as estrelas
Explosão de energia
Prazer
Consumando os fatos
Te vejo
Nas estrelas...no meu corpo... em minha alma
E no espelho que não mais me reflete
Silêncio... silêncio... silêncio
Escuridão.
.........
DESPEDIDA

Quando eu não mais existir
Saberás
O vento soprará forte
Desprendendo as folhas secas
Das árvores das minhas vidas
Os botões das flores explodirão
O suave perfume os envolverá
O mar furioso se arrebentará nas pedras
E sucessivamente retornará
Ouvirão pássaros
Regendo uma orquestra
Do além dos sonhos
O sino soará
Mas de tão longe
Que talvez não ouvirás
A safra da uva será esplêndida
O vinho suave e tinto
Como o sol vermelho e quente
Que chegará mais cedo
Irradiando luz
O dia será o mais longo de toda Era
A tarde findará
Com uma revoada de pombos
E a chuva cairá como lágrimas
A noite será a mais fria
Porém, a mais linda
E o céu estará limpo
Enfeitado de estrelas
E a lua majestosa
Refletirá sobre a Terra
O seu raio prateado
E no exato momento da transição
Uma nova fonte
De energia e de vida
Transcenderá.

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