sexta-feira, 29 de outubro de 2021

TRÊS POEMAS – António Sanches

 CÍRCULO

Na roda em que a vida circula
há vestígios de uma reta
onde a caminhada se vincula
à indicação de uma seta.

Contudo na vontade que é minha
vou contrariando a direção
e sigo fora da rotineira linha
para alimentar a imaginação.

Crio rotas em caminho desconhecido
salto valas subo montes e mergulho
e cada revés que tenha acontecido
deu-me o saber de que me orgulho.

Assim vou circulando e sorrindo
com a grande força do teu olhar
e o circulo vai aos poucos abrindo
nas rotas que conseguimos sonhar.
............
OUTONAL

Igual a cão sem dono
uivei a noite inteira
no arrepio outonal
deixando de lado o sono
e uma espertina traiçoeira
só partiu no claro matinal.

Mas no fundo foi bom
pois conversei com a lua
mil segredos escondidos
e ela de bom tom
no silêncio em que atua
iluminou os meus pedidos.

E tu que a vês por inteiro
em noites que se repetem
leste o que transmiti
e respondeste ligeiro
com gestos que refletem
todo o amor que há em ti.
...............
O LOUCO FUI EU

Hoje estou triste
perdi o juízo com alguém louco
quase me igualei
mas às vezes basta pouco
para esquecer o que sei.

Ora sabendo eu
que qualquer louco
acha que os outros é que são
e que os erros que cometeu
não são nem um pouco
feitos pela sua mão.

Como fui eu discutir
e tentar argumentar
com doido varrido
para escutar logo a seguir
a figura louca afirmar
que eu complico sem sentido.

Bem feito,
quem me mandou
o louco achou que era direito
e o meu juízo é que pifou.

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