sexta-feira, 15 de outubro de 2021

PALAVRAS – Cyro de Mattos

 

A PALAVRA AUSENTE

Não existisse
Com seus limites
Diante do mundo
Sem interrogar o tempo
De Deus ou por acidente
Onde bem ou mal
Sinto-me um bocado,
Revejo-me no outro
Como a mim mesmo
Por certo o deserto
Não ia me afigurar
Desencanto e solidão,
Metáfora do nada.
Ao ruído dos dentes,
Que tudo muda,
Urde fragmentos, sonhos,
Que sentido haveria
O silêncio de tudo,
Fundo, profundo?
Jamais o convite ao amor,
À saudade, à razão, à fé,
Contradições que me fazem
Inocente na travessia,
Do inexorável submisso..
........
A PALAVRA PRESENTE

Dá voo à razão
Na leitura do mundo.
Equilíbrio nos vazios
Por entre mistérios
Que soam absurdos.
Simulação do real
Na emoção do ser elo
Íntimo das coisas.
Ritmo agudo do ver.
Ouvir e falar silêncios
Onde me usa o amor
Resvalando na vida
Que o tempo engole.
Nas litanias do mal,
No refrigério da relva
Fogo eterno de cantores
Desde não quando.

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