Rolando
pela auto-estrada
feita
de solo-cimento,
ela,
corre, corta o vento,
nossa
máquina assanhada,
ao
lado um campo de verde
e
verde cada vez mais,
sob
os cabelos cinzentos
dos
verdes canaviais.
Corre,
corre o nosso carro,
já
na demanda do mar,
provando
o sabor de ir
provando
esse do voltar,
eis
que súbito fumaça
ao
lado chama a atenção,
são
índios ao pé do fogo
entre
agaves de pendão.
Percebemos
o ataque
iminente,
a já sofrer,
tomamos
as nossas armas
prontos
a nos defender,
as
moças ensaiam gritos,
quase
morrem de chorar,
enquanto
os primeiros tiros
já
se fazem escutar.
Não
são índios de Águas Belas
foragidos
do seu chão,
deixando
as suas mazelas
longe
do alcance da mão,
são
índios de celulóide
(por
certo ladrões de gado)
que
perseguem nosso carro
cavalgando
a nosso lado.
Os
ventos que sopram forte,
alísios
que vem dos mares,
parecem
que não se espantam
com
tão vistosos cocares.
Os
índios correm na estrada
perseguindo
o nosso carro
buscando
roubar as nossas
boiadas
de bois de barro.
Para
roubar mantimentos
pintaram-se
de urucu,
que,
certo, sabem, trazemos
do
país do Caruaru,
queijo
coalho, carne seca,
limões,
açúcar mascavo,
tangerinas
e laranjas
da
terra, laranjas-cravo.
Mas
não, os nossos tesouros,
ai,
não roubam assim, não,
fazem
o fogo cerrado
trezentos
rolam no chão,
o
nosso carro galopa
como
o mais puro alazão
salvamos
os bois de barro,
nossa
carne do sertão.
Ai,
nos tornamos poetas,
eles,
todos, eu e tu,
quando
pisamos as terras
do
país do Caruaru,
as
juntas de bois de barro
rompem
guarda e vigilância,
e
nos devolvem de súbito
ao
clima da nossa infância.
Manter viva a poesia de um poeta que já partiu.
ResponderExcluirRecife 08/06/1927-01/04/2001
Foi um advogado e poeta.
Um abraço
Irene Alves
Agradeço pelo seu comentário. Ao menos temos uma leitora.
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