quarta-feira, 15 de outubro de 2014

Arte poética – Liliana Chavez


Tradução de Aidenor Aires

Que a poesia não seja uma vaca magra
mas de ossatura robusta,
abundante e saborosa carne.

Seja de faisão
as viandas que se façam com seu sangue.
Chupem os dedos as almas ao prová-la.

Um bom vinho a acompanhe sempre.
Café, sobremesa, cigarro.

Requebre as cadeiras.
Faça amor sobre as bancadas da cozinha.

Que seja o tronco onde habitem as formigas.
A voz agarrada ao penhasco.

Cada porção de chuva mansa,
de granizo cada porção.

Transforme ave em dinossauro
da orquídea ao cardo.

Ressecada fique a pele quando sua mão espreme.
Fale do fundo do poço.
Espie da sacada de uma nuvem.
Ainda que triturem suas falanges
ou a engulam as areias,
cuspa ao céu sua tinta
e que o céu a esparrame.

Não a quero pássaro,
bando a quero.

Um comentário:

  1. Não a quero pássaro,
    bando a quero.
    Não conhecia esta poetisa e gostei.
    Há tanta gente que escreveu ou escreve poesia,
    que a mesma(penso)nunca morrerá.
    Um abraço
    Irene Alves

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