segunda-feira, 22 de junho de 2020

A MANCHA - Basilina Pereira

E este vazio no meio da tarde!
Uma mancha de faz de conta, solta,
assim como a dor dos que ficam
do lado de fora da felicidade.
Não tem pé nem cabeça;
tampouco hora para libertar os pensamentos,
presos a uma certeza tão efêmera
quanto o olhar dividido na encruzilhada.
A vida que me sorri agora é um telhado sem chão
frente às tantas goteiras prontas para o salto,
mas temerosas do abismo.
O vento não traz o que falta,
talvez porque não saiba as respostas
perdidas naquela estrada cada vez mais estreita,
por onde já passei tantas vezes
desapercebida.

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