sábado, 27 de junho de 2020

À ESPERA DA GUERRA - Dimitris Tsaloumas

Tradução de José Paulo Paes
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Baixo as persianas e fico sentado no escuro,
pensando. O tempo carranqueia em minhas mãos:

vai haver guerra. Grossas correntes deixaram
sulcos fundos no deserto. Mas em meu jardim

as folhas caem no pino do estio. Muitas aves
pequenas tombaram mortas no betume. Veneno

de rato, dizem, o róseo grão da morte. Eu lhe sei
as outras cores; este porém não é um tempo

de lembrar. Devo fechar os ouvidos à fraqueza.
Lá fora, no tórrido calor, todas as vozes

protestando inocência soam alquebradas. Bem por isso
homens implacáveis sentam-se junto ao bruxuleio

de lagoas avaliando a situação e em minha cabeça
durante o dia todo três corvos gordos como cisnes

cruzam e recruzam uma região desértica
e outros erguem voo, feito moscas, de suas ravinas.

Tenho de alcançar lugares de mais sombra, trechos
de mais verde. A paciência do mundo está no fim.

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