o mar invade as pedras
a voz da mulher ilumina as musas
e o sangue desce e recrudesce e pulsa
enquanto a música balança
e a mulher se embala e se deixa levar
e nada mais existe
a não ser a mulher
sua voz límpida
o seu coração que acompanha o mar
e as pedras que rolam
e as areias que se multiplicam pela praia ao infinito
a mulher não diz
ela pronuncia a música do mar
que com ela se envolve em um longo abraço
de prazer dor sensualidade
e o mais puro êxtase
correntes marítimas impregnam suas pernas
o seu sexo entre dois moluscos famintos
as estrelas do mar se colam à sua pele
e ela se esquece da lua
e se dobra como uma ave
que mergulha entre os peixes
circula com eles
em um bailado de nuvens molhadas
e toda a rocha se cala circunspeta
à espera das notas que se elevam
e são gotículas de água
que giram loucas entre as ondas
que sugam as areias
e a música se pergunta
e responde às ondas
que a voz da mulher instila inspira suspira
e permeia a voluptuosidade serena da maré
Nenhum comentário:
Postar um comentário